sexta-feira, dezembro 27, 2013

Mais um ano vazou pelo tonel furado do tempo...


Jeriquaquara - Ceará
2015 chegou ao fim, deixando nas bifurcações das nossas vidas, um rastro de lembranças e de esquecimentos que se traduzirão no NOVO ANO como experiências vividas por cada um de nós. 

Nesse ciclo em que o fim e o início de cada ano são apenas continuidade cronológica do tempo, ainda assim as nossas esperanças se renovam diante de tantas possibilidades e escolhas que podemos fazer a cada novo dia vivido. 


Mas, o que eu poderia desejar para você e para os seus entes queridos ao longo do ANO QUE SE INICIA, além de saúde sobrante; de paz de espírito e de sabedoria para desfrutar a vida sem privações? 

Eu desejo que o sol e o sal das águas lhe rejuvenesça;
que você se mantenha vivo(a), ativo(a) e produtivo(a);
que nenhum tirano ou lei impura ameace a sua liberdade;
que sua privacidade seja sempre preservada;
que tenha muita sorte nos jogos da vida;
que não perca o apetite pelas formas humanas; 

que tenha vigo para gozar nas tremuras da carne;
que não desperdice a chance de encontrar o amor;
que seus momentos felizes se prolonguem com plenitude;


Por fim, eu desejo que tenhamos sempre consciência plena da realidade e do entorno; que não repitamos os mesmos erros cometidos; que sepultemos nas valas do tempo tudo aquilo que não carece chegar ao ano novo, afinal, as lembrança e os esquecimentos do que deixaremos para trás, também servem de tônico para fortalecer o nosso corpo, a nossa alma e os nossos sentidos. 


Que tenhamos um feliz 2016! 
Ruy Câmara




segunda-feira, dezembro 16, 2013

FHC DESMANTELA AS MENTIRAS DO PT


Finalmente fez-se justiça no caso do mensalão. Escrevo sem júbilo: é triste ver na cadeia gente que em outras épocas lutou com desprendimento. Estão presos ao lado de outros que se dedicaram a encher os bolsos ou a pagar suas campanhas à custa do dinheiro público. Mais melancólico ainda é ver pessoas que outrora se jogavam por ideais – mesmo que controversos – erguerem os punhos como se vivessem uma situação revolucionária, no mesmo instante em que juram fidelidade à Constituição.

Onde está a Revolução? Gesticulam como se fossem Lenines que receberam dinheiro sujo, mas usaram – no para construir a “nova sociedade”. Nada disso: apenas ajudaram a cimentar um bloco de forças que vive da mercantilização da política e do uso do Estado para perpetuar-se no poder. De pouco serve a encenação farsesca, a não ser para confortar quem a faz e enganar a seus seguidores mais crédulos.

Basta de tanto engodo. A condenação pelos crimes do mensalão se deu em plena vigência do Estado de Direito, em um momento no qual o Executivo é exercido pelo Partido dos Trabalhadores, cujo governo indicou a maioria dos ministros do Supremo. Não houve desrespeito às garantias legais dos réus e ao devido processo legal.
Então por que a encenação? O significado é claro: eleições à vista. É preciso mentir, autoenganar-se e repetir o mantra. Não por acaso a direção do PT amplifica a encenação e Lula diz que a melhor resposta à condenação dos mensaleiros é reeleger Dilma Rousseff... Tem sido sempre assim, desde a apropriação das políticas de proteção social até a ideia esdrúxula de que a estabilização da economia se deveu ao governo do PT. Esqueceram as palavras iradas que disseram contra o que hoje gabam e as múltiplas ações que moveram no Supremo para derrubar as medidas saneadoras. O que conta é a manutenção do poder.

Em toada semelhante o mago do ilusionismo fez coro. Aliás, neste caso, quem sabe, um lapso verbal expressou sinceridade: estamos juntos, disse Lula. Assumiu meio de raspão sua fatia de responsabilidade, ao menos em relação a companheiros a quem deve muito. E ao país, o que dizer?

Reitero, escrevo tudo isso com melancolia, não só porque não me apraz ver gente na cadeia, embora reconheça a legalidade e a necessidade da decisão, mas principalmente porque tanto as ações que levaram a tão infeliz desfecho como a cortina de mentiras que alimenta a aura de heroicidade fazem parte de amplo processo de alienação que envolve a sociedade brasileira.
São muitos os responsáveis por ela, não só os petistas. Poucos têm tido a compreensão do alcance destruidor dos procedimentos que permitem reproduzir o bloco de poder hegemônico; são menos numerosos ainda os que têm tido a coragem de gritar contra essas práticas.

É enorme o arco de alianças políticas no Congresso cujos membros se beneficiam por pertencer à “base aliada” de apoio ao governo. Calam-se diante do mensalão e demais transgressões, como se o “hegemonismo petista” que os mantém seja compatível com a democracia.

Que dizer então da parte da elite empresarial que se serve dos empréstimos públicos e emudece diante dos malfeitos do petismo e de seus acólitos? Ou da outrora combativa liderança sindical, hoje acomodada nas benesses do poder?

Nada há de novo no que escrevo. Muitos sabem que o rei está nu e poucos bradam. Daí a descrença sobre a elite política reinante na opinião pública mais esclarecida. Quando alguém dá o nome aos bois, como, no caso, o ministro Joaquim Barbosa, que estruturou o processo e desnudou a corrupção, teme-se que ao deixar a presidência do STF a onda moralizante dê marcha a ré. É evidente, pois, a descrença nas instituições. A tal ponto que se crê mais nas pessoas, sem perceber que por esse caminho voltaremos aos salvadores da pátria. São sinais alarmantes.

Os seguidores do lulopetismo, por serem crédulos, talvez sejam menos responsáveis pela situação a que chegamos do que os cínicos, os medrosos, os oportunistas, as elites interesseiras que fingem não ver o que está à vista de todos. Que dizer então das práticas políticas? Não dá mais! Estamos a ver as manobras preparatórias para mais uma campanha eleitoral sob o signo do embuste.

A candidata oficial, pela posição que ocupa, tem cada ato multiplicado pelos meios de comunicação. Como o exercício do poder se confundiu, na prática, com a campanha eleitoral, entramos já em período de disputa. Disputa desigual, na qual só um lado fala e as oposições, mesmo que berrem, não encontram eco. E, sejamos francos: estamos berrando pouco.

É preciso dizer com coragem, simplicidade e de modo direto, como fizeram alguns ministros do Supremo, que a democracia não se compagina com a corrupção nem com as distorções que levam ao favorecimento dos amigos. Não estamos diante de um quadro eleitoral normal. A hegemonia de um partido que não consegue se deslindar de crenças salvacionistas e autoritárias, o acovardamento de outros e a impotência das oposições estão permitindo a montagem de um sistema de poder que, se duradouro, acarretará riscos de regressão irreversível.

Escudado nos cofres públicos, o governo do PT abusa do crédito fácil que agrada não só os consumidores, mas em volume muito maior, os audaciosos que montam suas estratégias empresariais nas facilidades dadas aos amigos do rei. A infiltração dos órgãos de Estado pela militância ávida e por oportunistas que querem se beneficiar do Estado distorce as práticas republicanas.

Tudo isso é arqui-sabido. Falta dar um basta aos desmandos, processo que, numa democracia, só tem um caminho: as urnas. É preciso desfazer na consciência popular, com sinceridade e clareza, o manto de ilusões com que o lulo-petismo vendeu seu peixe. Com a palavra as oposições e quem mais tenha consciência dos perigos que corremos.

Artigo "Sinais preocupantes", de Fernando Henrique Cardoso, publicado em vários jornais nacionais neste domingo, 01/12/2013.

O FIASCO DO VOTO FACULTATIVO NO CHILE

Na minha opinião, mais uma vez o CHILE fez a escolha certa ao eleger Michelle Bachelet, em primeiro lugar porque ela, além de séria e capacitada, é muito mais experiente do que Evelyn Matthei; e em segundo lugar porque, ao optar pela ruptura com o continuísmo, o eleito chileno promove a alternância do poder, que é um importante fundamento da democracia política. 

Contudo, o sistema eleitoral que permite o voto facultativo tem demonstrando que não agrega valor algum à democracia, uma vez que permite a uma minoria mínima decidir pela imensa maioria. 

Nas eleições presidenciais de hoje no Chile, a abstenção chegou a 60%. Ou seja, Bachelet foi eleita com 62% dos votos dos 40% dos eleitores que compareceram às urnas. 

Atualmente o Chile tem aproximadamente 18 milhões de habitantes e 13,4 milhões de eleitores. Bachelet obteve apenas 3,3 milhões de votos. Isso significa que somente 18,3% da população decidiu o destino dos 81,7% restantes. 

Claro está que a abstenção elevada produzida pelo voto facultativo não legitima a democracia e muito menos valida a vontade da maioria, que é o fundamento mais sólido da democracia política.